O TREM PAULISTA NOS TRILHOS DE UM NOVO TEMPO
JENYBERTO PIZZOTTI
A retirada dos trilhos da malha ferroviária, como pretende a atual administração de Rio Claro, e o conseqüente sucateamento e desmanche da ferrovia e tudo que dela restou, significa a DESTRUIÇÃO IRREVERSÍVEL DE PATRIMÔNIO PÚBLICO HISTÓRICO-CULTURAL NACIONAL E LOCAL E DA PRÓPRIA HISTÓRIA DE RIO CLARO.
O atual prefeito de Rio Claro, não pode e não deve ir na contra-mão da história e das tendências nacional e mundial, e realizar a retirada dos trilhos da ferrovia. Não pode e não deve permitir a retirada da malha ferroviária de Rio Claro para que se construa e se realize os sonhos das cidades de Itú e Salto, enquanto os sonhos de Rio Claro se esfacelam.
O projeto de Itú e Salto, denominado de “Trem Republicano” é válido e um exemplo para todo o Brasil. O povo Itú-Saltense está lutando por seus sonhos. Devemos imitá-lo.
Caso o povo de Rio Claro permita, sem reagir, a destruição de seu patrimônio e de sua história, também seremos um exemplo para todo o Brasil. Um exemplo de uma vergonha. Caso o povo de Rio Claro permita essa vergonha, em nossos símbolos não mais deverá existir um leão atento com a frase em latim ‘Quieta non movere”, mas sim a figura de um burro apático deitado eternamente.
A prometida construção de uma avenida em Rio Claro, dentro de um projeto inexistente, apenas para mascarar num ato solene, demagógico e eleitoreiro, a oficialização da transferência ilegal e imoral de patrimônio público de nossa cidade, ficará para sempre nos anais da história rioclarense como uma vergonha.
A presença da ministra Dilma Roussef em nossa cidade, trazendo a tira-colo os prefeitos de Itú e Salto, além dos políticos daquela região, demonstrou apenas e tão somente o prestígio da política Itu-Saltense e não a nossa. Para eles, a realização de um sonho tirado do nada. Para nós, o escárnio e o deboche de termos uma avenida para o desfile anual do Carnaval e um tresloucado Central Park novaiorquino, também com projeto inexistente, com o pagamento de dívidas e juros extorsivos para as próximas gerações de rioclarenses pagarem.
Esse é o projeto do senhor prefeito. Eu tenho outro.
Esse projeto, que denominei de “TREM PAULISTA”, prevê numa primeira fase a revitalização do complexo que envolve a malha ferroviária num projeto histórico, cultural e turístico para Rio Claro e região, e numa segunda fase a exploração comercial, industrial e de serviços com a revitalização das antigas oficinas da Cia Paulista, e caso possa ser viabilizado, um metrô de superfície, a construção de uma avenida paralela a ferrovia, também a implantação de um Pólo Inter-Modal envolvendo ferrovia, rodovia e aerovia, ou aeroporto, e do Porto Seco (um pólo de armazenamento e distribuição), como tive a oportunidade de conhecer em Goiás em 2008 e 2009.
Assim, para termos uma pequena idéia desse meu projeto, e para demonstrarmos que o denominado projeto “TREM PAULISTA” não conflita com a idéia da construção de uma avenida, mas que, pelo contrário, a enriquece e a supera, vejamos no que consiste:
PROJETO “TREM PAULISTA”
1. Revitalização da Estação Ferroviária de Rio Claro como Pólo Histórico, Cultural e Turístico;
2. Reconstrução e utilização da malha ferroviária de Rio Claro para a implantação de 4 roteiros turísticos:
a. Rio Claro – Batovi – Ubá – Itirapina – Analândia
b. Rio Claro – Santa Gertrudes – Cordeirópolis – Araras
c. Rio Claro – Batovi – Ubá – Itirapina – Brotas – Torrinha – Dois Córregos – Jaú
d. Rio Claro – Ipeúna – Charqueada – Águas de São Pedro;
3. Revitalização das oficinas da antiga Companhia Paulista para que funcione como restauradora de trens, locomotivas e vagões para cidades de todo o Brasil que estão desenvolvendo e implantando projetos ferroviários, seja de carga, passageiros ou turismo, e a revitalização das oficinas como Pólo Educacional Ferroviário em nível técnico e superior, com escola técnica e faculdade de engenharia ferroviária;
4. Implantação do Museu Ferroviário “Getúlio Greve”, hoje já com mais de 10.000 itens em seu acervo;
5. Revitalização do Museu Histórico e Pedagógico “Amador Bueno da Veiga” (hoje abandonado pela atual administração) com as salas sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 e a sala sobre a Escravidão no Brasil abertas a turistas e pesquisadores, e a Revitalização do Museu Mineralógico e Arqueológico “Albertina Pensado Dias” (hoje também abandonado pela atual administração). Museus esses, abertos a visitação pública, e a turistas e pesquisadores que irão se utilizar do TREM PAULISTA para conhecer a história de São Paulo e do Brasil;
6. Revitalização do Horto Florestal “Navarro de Andrade” como Pólo Turístico, integrado num ramal com a malha ferroviária;
7. Viabilização da segunda fase do projeto, envolvendo:
a. Construção de uma avenida paralela a linha férrea dentro do perímetro urbano de Rio Claro;
b. Implantação do Metrô de Superfície para o transporte de passageiros e trabalhadores;
c. Implantação do Pólo Inter-Modal com aproveitamento da ferrovia, rodovias e aerovia, com a construção de um aeroporto, para o aproveitamento estratégico-logístico da região de Rio Claro;
d. Implantação do Porto Seco, um pólo regional de armazenamento e distribuição de mercadorias
Rio Claro apresenta características históricas, culturais, turísticas e geoeconômicas únicas, que por ignorância, são desconhecidas e desprezadas pelos seus políticos e administradores.
Trocar a possibilidade do desenvolvimento e da existência de um projeto turístico cultural e comercial, que irá beneficiar toda uma população e seu parque turístico nacional e internacional, comercial e de serviços, que poderá gerar centenas de empregos, pela destruição do patrimônio histórico-cultural ímpar situado em Rio Claro, sonhado e disputado por outras cidades e por administradores e políticos competentes como de Itú e Salto por exemplo, através da construção de uma avenida como outra qualquer existente em cidades de pequeno porte, ou por um “sambódromo”, é muito mais que burrice, “pensar baixo”, não ter boas idéias, oportunismo, interesses comerciais escusos ou demagogia e política rasteira; é uma insanidade, é a falta total de patriotismo e de amor a terra natal e a sua gente, é uma afronta a toda uma população que ama sua cidade e sua história, e é uma afronta aos ferroviários e seus descendentes, que construíram essa mesma história.
Assim, no interesse e defesa do patrimônio histórico-cultural de Rio Claro, no interesse do BEM COMUM, e como cidadão desta cidade, solicitei no dia 25 de janeiro ao Ministério Público (7º Promotor), que impeça a destruição irreversível da malha ferroviária em questão e de todo o complexo histórico-cultural que a envolve. Essa decisão agora se encontra nas mãos do digníssimo 3º Promotor (Meio Ambiente e Patrimônio Público e Social).
(Informação: Dia 25 de fevereiro, recebi ofício do digníssimo senhor 3º Promotor informando da instauração de processo civil e da solicitação de informações ao senhor prefeito. Isso, na prática, significa o bloqueio da retirada dos trilhos, até que se apure os fatos e que um debate aconteça. Foi uma decisão histórica do Judiciário rioclarense, através do 3º Promotor Público, em defesa do patrimônio e do povo de Rio Claro). Isso jamais será esquecido, esse ato inteligente, sensato, justo e corajoso do 3º Promoto Público.
Imediatamente, informei a mídia de Rio Claro, mas apenas o Jornal Regional publicou na sexta-feira a notícia. Qual o motivo da mídia rioclarense estar omissa ? Isso é jornalismo sério ? Quando os jornalistas (principalmente aqueles que saem das faculdades) são obrigados a se calarem, a não cumprirem sua missão, submetendo-se aos caprichos e interesses de seus patrões proprietários dos meios de comunicação, não são jornalistas, são apenas mediocres propagandistas.
Através deste artigo, faço um apelo ao senhor prefeito: que analise nossas propostas e que reflita melhor. Que seu amor e respeito por Rio Claro fique acima de outros interesses. Acredito que seja capaz de rever suas posições e de fazer o que for melhor para o povo de nossa cidade. O que todos esperam é que honre o cargo para o qual foi eleito, e que defenda os interesses de Rio Claro percorrendo corajosamente os trilhos de um novo tempo.
A História irá julgar nossas decisões e ações. Que Deus nos ilumine. Avante Rio Claro !
domingo, 28 de fevereiro de 2010
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