terça-feira, 31 de julho de 2012

PESQUISAS POLÍTICAS E VERDADES ABSOLUTAS

PESQUISAS POLÍTICAS E VERDADES ABSOLUTAS

JENYBERTO PIZZOTTI


A pesquisa política realizada pela empresa Limite Consultoria e Pesquisas de Marketing Ltda. nos dias 21, 22, 23, 24 e 25 de julho em Rio Claro, e divulgada pelo jornal Cidade de Rio Claro em 29 de julho, tem erros na metodologia aplicada, e seus resultados induzem o raciocino dos eleitores e cidadãos de Rio Claro a erros de avaliação, assim como, até mesmo, o raciocínio dos candidatos e dos estrategistas das campanhas, a aceitarem análises e erros estatísticos, como verdades absolutas.

Os índices percentuais e a proporcionalidade da amostra pesquisada (800 pessoas) pela empresa Limite Consultoria se aproximam bastante dos índices reais referentes a distribuição por sexo e faixas etárias do universo pesquisado (número total de eleitores), mas apresenta distorções e erros brutais e grosseiros no que se refere a proporcionalidade percentual nos níveis de escolaridade e distribuição sócio-econômica (renda), formando, à partir daí, um erro na amostragem, que induzem o leitor (eleitores e cidadãos) a raciocinar de forma equivocada.

Os resultados apresentados, se utilizados pelos candidatos e estrategistas das campanhas em curso, provocam erros nas avaliações, nos rumos, nos focos e objetivos a serem atingidos.

A realidade é que os profissionais da empresa Limite Consultoria, que realizaram a pesquisa, erraram (de forma consciente ou inconsciente) na formação da estrutura da amostragem do universo pesquisado, ou seja, do eleitorado rioclarense, e parecem não conhecer Rio Claro e serem um pouco primários na busca de dados estatísticos prévios e básicos através de órgãos como o IBGE e Cartório Eleitoral.

Foram irresponsáveis na manipulação de dados e informações, provocando os erros aqui apresentados, prejudicando os candidatos e a liberdade de raciocínio dos eleitores rioclarenses.

As análises que realizei contidas nesse artigo, tem como base os dados e informações que obtive através do Jornal Cidade, edição de domingo (29 de julho de 2012) e dos sites da Internet:


(página do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do PesqEle – Sistema de Registo de Pesquisas Eleitorais onde consta a pesquisa registrada sob protocolo SP-00158/2012, registrada em 23 de julho de 2012)


(página do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com dados atualizados (julho/2012) de distribuição por sexo e faixa etária referentes ao eleitorado rioclarense)


(página do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com dados atualizados (julho/2012) de distribuição por sexo e grau de instrução referentes ao eleitorado rioclarense)


(página do site do IBGE com dados estatísticos referentes a distribuição de renda (nível sócio-econômico) da população rioclarense)

É importante informar que sou o pioneiro no Brasil (1976) na realização de Pesquisas de Mercado e Opinião Pública como ferramenta de Análise e Planejamento Estratégico de Marketing Político (numa época que a palavra Marketing Político não existia). Dessa forma, com humildade, apresento essas informações, mas com a consciência da responsabilidade que a altura do meu conhecimento e experiência me obrigam a fazê-lo.

Como diz o ditado, “na terra de cegos, quem tem um olho é rei”, e a primeira coisa que me chamou a atenção quando iniciei a leitura dos jornais e entrei no site do TSE, onde a pesquisa foi registrada, é que, segundo a informação do jornal e do site oficial do TSE a pesquisa foi registrada no dia 23 de julho, e realizada entre os dias 21 e 25. Qualquer cidadão, mesmo sem a mínima prática, conhecimento ou experiência em pesquisas, utilizando um mínimo de raciocínio pode questionar, como a pesquisa pode ter sido registrada no dia 23 antes de ser concluída ? Se a pesquisa foi realizada (a coleta e análise de dados, etc) entre os dias 21 e 25 como pode ter sido registrada no dia 23 antes de ter sido concluída ? Gostaria que alguém pudesse me esclarecer isso, mas acho meio complicado esse esclarecimento, pois a data do registro e o período em que foi feito a pesquisa estão registrados tanto no site do TSE quanto no próprio jornal que forneceu as informações sobre a pesquisa. Essa foi a primeira contradição que observei.

Em relação as contradições nos dados estatísticos apresentados pela pesquisa da Limite Consultoria:

1.   Em relação a distribuição por sexo a amostra (800 pessoas entrevistadas) apresenta dados aceitáveis, proporcionais, consistentes, e próximos da realidade do universo pesquisado (o total do eleitorado rioclarense). A pesquisa entrevistou 51.9% de Mulheres (o eleitorado feminino rioclarense é de 52.3%), e 48.1% de Homens (o eleitorado masculino rioclarense é de 47.7%).

2.   Em relação a faixa etária a Limite Consultoria não segue em sua metodologia de apresentação de dados nessa pesquisa divulgada, os padrões de distribuição de faixas etárias como a maioria dos institutos de pesquisa e pesquisadores. A Limite dividiu as faixas etárias em apenas 3 faixas. Normalmente, como uma metodologia científica mais aprimorada, dividimos em no mínimo 5 faixas etárias. Dessa forma, tive que realizar cálculos de distribuição nas faixas etárias para adaptar a metodologia apresentada pela Limite Consultoria.

Em relação a distribuição por faixa etária a amostra (800 pessoas entrevistadas) apresenta dados aceitáveis, proporcionais, consistentes, e próximos da realidade do universo pesquisado (o total do eleitorado rioclarense). A pesquisa entrevistou 30.3% de Homens e Mulheres na faixa de 16 a 29 anos (o eleitorado nessa faixa é de aproximadamente 26.0%), e 38.5% na faixa de 30 a 49 anos (o eleitorado nessa faixa é de aproximadamente 39.1%), e 31.2% na faixa de 50 anos ou mais (o eleitorado nessa faixa é de aproximadamente 34.9%).

3.   Em relação aos níveis de escolaridade a Limite Consultoria cometeu erros grosseiros e inaceitáveis de proporcionalidade na amostragem.

Segundo os dados fornecidos através dos jornais e do site, o nível de Ensino Fundamental representa 21.2%, o de nível Médio 34.4% e o de nível Superior 14.6% a soma desses percentuais dá 70.2 % e não 100% como teriam que dar. Onde foi parar os 29.8% ? Que erro grosseiro é esse ?

Mas o mais grave e a contradição mais evidente é que, mesmo se consideramos esses dados apresentados eles divergem totalmente dos dados apresentados pelo IBGE.

Assim, vejamos:

Segundo a pesquisa foram entrevistados 21.2% de pessoas com nível Fundamental (os dados estatísticos do IBGE apresentam 72.7% com nível de Ensino Fundamental). A pesquisa apresenta 34.4% dos entrevistados com nível Médio (o IBGE apresenta 21.5%). A pesquisa apresenta 14.6% dos entrevistados com nível Superior (o IBGE apresenta 5.8%).

Fica claríssimo que no que se refere a nível de escolaridade a Limite Consultoria, de forma consciente ou inconscientemente, direcionou a pesquisa para entrevistados com nível de escolaridade que não correspondem a realidade da população de Rio Claro, ou seja, obteve respostas com a população “elitizada” de Rio Claro.


4.   Em relação aos níveis de renda ou sócio econômicos a Limite Consultoria também cometeu erros grosseiros e inaceitáveis de proporcionalidade na amostragem.

Os dados apresentados divergem totalmente dos dados apresentados pelo IBGE.

Assim vejamos:

Segundo a pesquisa foram entrevistados 24.5% de pessoas com renda até 2 salários mínimos (os dados estatísticos do IBGE apresentam 70.7% com nível de Ensino Fundamental). A pesquisa apresenta 43.1% dos entrevistados com renda entre 2 e 5 salários mínimos (o IBGE apresenta 20.5%). A pesquisa apresenta 32.4% dos entrevistados com renda acima de 5 salários mínimos (o IBGE apresenta 8.8%).

Fica claríssimo que no que se refere a nível sócio-econômico a Limite Consultoria, de forma consciente ou inconscientemente, direcionou a pesquisa para entrevistados com nível de renda que não corresponde a realidade da população de Rio Claro, ou seja, obteve respostas com a população “elitizada” de Rio Claro.

Infelizmente, vejo serem repetidos os mesmos erros das eleições de 2008:

Recordando os fatos...

Durante o mês de agosto de 2008, observei, analisei e conclui que algo gravíssimo estava ocorrendo no processo eleitoral de Rio Claro, algo que, por falta de competência e conhecimento na área, o próprio Poder Judiciário, através do Juizado Eleitoral não percebia: erros na metodologia das pesquisas apresentadas pelo Instituto Toledo & Associados e Jornal “Cidade de Rio Claro”, estavam induzindo, de forma equivocada, o raciocínio dos eleitores de Rio Claro a aceitarem erros como verdades absolutas, formando tendências que não correspondiam a verdade dos fatos, induzindo o eleitorado a erros que feriam sua liberdade de pensamento e escolha, ou resumindo: “viciando as eleições”.

Sob as “barbas” do Poder Judiciário, as pesquisas apresentadas pelo Instituto Toledo & Associados / Jornal Cidade induziram os eleitores de Rio Claro a acreditarem em duas informações falsas: a de que a maioria do eleitorado rioclarense era formado por pessoas idosas (média 47 anos), e de que Nevoeiro Junior estava obtendo aproximadamente 47% (quarenta e sete por cento) na intenção de votos (durante toda a campanha, Nevoeiro jamais ultrapassou 35% na intenção de votos).

Essas informações deturpadas (publicadas nos dias 9, 10, 12, 16, 27, 30 de agosto e 6 de setembro), e que não correspondiam a realidade, foram divulgadas de forma massiva pelo jornal “Cidade de Rio Claro” como “verdade absoluta”. A credibilidade, seriedade e profissionalismo do jornal sedimentou uma informação errada no raciocínio e discernimento dos eleitores, e isso foi desastroso para o processo político eleitoral rioclarense, pois atrapalhou a total liberdade de escolha e de decisões.

No dia 17 de setembro de 2008 o jornal “Cidade de Rio Claro” divulgou pesquisa do IBOPE/EPTV onde o candidato Nevoeiro aparecia com 37% das intenções de voto, ou seja: uma queda brutal (10 pontos percentuais) em relação as últimas pesquisas publicadas pelo Jornal “Cidade de Rio Claro / Instituto Toledo & Associados

Na realidade, Nevoeiro Junior nunca “caiu” nas pesquisas, pois jamais obteve 47% das intenções de votos como amplamente divulgado para os eleitores, através da mídia. Essa foi a grande “armadilha” da campanha de 2008 em Rio Claro.

A assessoria publicitária de Dú Altimari imediatamente soube aproveitar a provável correção na metodologia das pesquisas realizadas pelos institutos Toledo e IBOPE (que por sinal, passaram a suprimir os dados absolutos e a só apresentarem os dados em percentuais/porcentagens, impossibilitando a análise correta da pesquisa). Com base nas pesquisas publicadas, Dú Altimari e sua assessoria passaram para os eleitores que Nevoeiro Junior estava “despencando” nas intenções de votos e que a candidatura Dú Altimari e Olga Salomão estava numa escalada inexorável em direção à vitória nas urnas em 5 de outubro.

O artigo que conta toda essa história pode ser consultado em:




A pesquisa agora divulgada (julho de 2012) é equivocada, absurda, e apresenta resultados inúteis a qualquer estrategista de marketing político, ou pesquisador social. Não expressam de forma nenhuma as características ou perfil da população de Rio Claro.

Não acredito que, qualquer um dos estrategistas de marketing político dos candidatos, se é que eles dispõe de estrategistas, tenha realizado qualquer tipo de ação que tenha influenciado os resultados da pesquisa antes, durante ou após a execução da mesma. Os resultados apresentados prejudica o trabalho desses profissionais, pois desvia o foco e o target (alvo) das campanhas.

Também não acredito que a empresa de pesquisa tenha realizado a mesma com pré formatação de tendências para obter determinados resultados, e muito menos o jornal Cidade de Rio Claro, ambos, a empresa de pesquisa e o jornal citado, são empresas sérias, dirigidas por pessoas sérias e honestas, tenho a mais absoluta convicção disso.

A realidade é que os profissionais que realizaram a pesquisa erraram na formação da estrutura da amostragem do universo pesquisado, ou seja, do eleitorado rioclarense, parecem não conhecer Rio Claro, e serem um pouco primários na manipulação de dados e informações, provocando os erros apresentados.

Em minha humilde opinião, o Poder Judiciário, através da Justiça Eleitoral, não dispõe de meios, não tem conhecimento e experiência para analisar e identificar esse tipo de manipulação de informações, e da liberdade de pensamento e decisão dos eleitores rioclarenses.

Em minha opinião, ou o Poder Judiciário nomeia pessoas com esse conhecimento e experiência em Comunicação Social e Marketing, para o auxiliar nesse tipo de crime eleitoral (acredito que manipular e direcionar a consciência e decisão do eleitorado seja crime), ou proíbe a divulgação de pesquisas através da mídia durante o período eleitoral. Se o Poder Judiciário vacilar nessa gravíssima questão, estará sendo omisso e incompetente no exercício de suas funções constitucionais de promover e proteger os direitos dos cidadãos, e de garantir a normalidade livre e democrática do processo eleitoral.

Pesquisas Mercadológicas são importantíssimas para o Planejamento Estratégico de campanhas políticas, mas quando publicadas na mídia, da forma como essa pesquisa foi publicada, não é uma pesquisa de opinião visando somente a divulgação de informações, mas sim, se transforma numa simples peça publicitária com uma estratégia de marketing de migração de votos fácil de identificar para quem tem conhecimento em Marketing Estratégico.

Ao publicar a pesquisa num jornal que tem e merece credibilidade a toda prova, esse resultado, e os comentários e reportagens que se seguiram, induzem os leitores e eleitores, a aceitarem a informação como VERDADE ABSOLUTA, e não existem “verdades absolutas”, a única Verdade Absoluta, é Deus, o Grande Arquiteto do Universo, que tudo sabe e tudo vê.



Autorizo a publicação desse artigo, desde que

mencionado o autor e a fonte



Rio Claro, 31 de julho de 2012

Jenyberto Pizzotti

RG. 8.450.437 – SSP/SP



JENYBERTO PIZZOTTI


(19) 9825 0113