quarta-feira, 26 de março de 2008

O Neocolonialismo e a Morte da Nação

Jenyberto Pizzotti

Vivemos hoje, um processo de intervencionismo, de controle capitalista mundial e de um neocolonialismo desumano e brutal.

A Nação Brasileira torna-se cada vez mais escrava desse sórdido Sistema. Se não reagirmos, não haverá futuro.

Para mascarar esse processo e torná-lo aceito pelas massas, usa-se termos como globalização, modernidade econômica e financeira, reformas estruturais, reajuste econômico, e outros termos econômicos que formam uma linguagem incompreensível para as massas, que aceitam as ações dos especuladores internacionais e das instituições, governos e pessoas que os servem como verdades absolutas que não devem ser refletidas e contestadas.

As instituições dos países estão sendo totalmente privatizadas ou controladas por grupos financeiros que não se identificam com nenhuma nacionalidade, grupos sem pátria, a não ser a pátria do máximo lucro, utilizando de qualquer meio, a qualquer custo e o mais rapidamente possível.

Os especuladores e exploradores financeiros internacionais, denominados gentilmente como a economia global ou mercado global, vive também de um processo de cobrança de dívidas em âmbito mundial.

Esse sistema controla, sufoca e destrói as economias nacionais, impede o desenvolvimento dos países, elimina empregos e reduz a atividade econômica a mero jogo de especulações e exploração financeira.

A economia dos países escravos desse sistema, entra em colapso, gerando pobreza, miséria, tristeza, humilhação e falta de perspectivas em seus povos. A criminalidade, o materialismo e o cada um por si, tornam-se as únicas realidades compreensíveis para as massas.

Atualmente, os mercados financeiros internacionais estão interligados e conectados por um sistema de telecomunicações em tempo real. Isso significa que uma crise financeira em um país, ou em determinada região do globo, afeta imediatamente todos os demais.

Acima de todo esse sistema existem atualmente, aproximadamente 750 corporações multinacionais e, acima desses grupos financeiros visíveis, existe um pequeno grupo de especuladores financeiros internacionais que apenas conferem seus lucros.

Segundo o grande economista J.K.Galbraith políticas de bem-estar social representam invenções modernas, evolução e avanços sociais. A concepção neoliberal de política social diz que o bem estar social deve ser restrito ao âmbito do privado, e representa um retrocesso histórico.

No Brasil, ao invés de evoluirmos para um conceito de política social para assegurar os direitos de cidadania, retrocedemos a uma concepção onde a população menos favorecida e a sociedade tem que resolver seus próprios problemas.

A aplicação dessa concepção é mascarada através de nomes supostamente modernos e politicamente corretos, como participação comunitária, autogestão, solidariedade comunitária, e outros. A solução dos problemas dos pobres se resumem em campanhas de mutirão, ou em campanhas do tipo fome zero, onde a obrigação do Estado é transferida para os cidadãos que pagam impostos por benefícios que não são realizados pelo governo.

A retração estatal e a privatização das políticas sociais no Brasil, moldam um serviço público sem recursos e deficitário para os pobres, e um serviço privado, formado por grupos financeiros, para os ricos.

Para você começar a entender esse Sistema que destrói pessoas e Nações, tem que conhecer um pouco de História, portanto, observe e reflita nesses tópicos importantes:

Depressão dos Anos 30

Durante a depressão dos anos 30 após a quebra da Bolsa de Nova Iorque os países que estavam distantes da economia mundial (como a União Soviética, por exemplo) cresceram muito. II Guerra Mundial Durante a II Guerra Mundial (1939-1945) a Europa foi arrasada física e economicamente.

Os EUA, ao contrário, viu sua indústria e sua economia crescerem . O dólar passou a ser a moeda de referência mundial.

Final da II Guerra Mundial

No final da II Guerra Mundial tornou-se claro que uma nova ordem política e econômica seria estabelecida Divisão Política do Mundo No final da guerra (1945) os líderes mundiais vencedores, Roosevelt (EUA), Churchill (Inglaterra), e Stálin (Rússia), até então aliado contra o nazi-fascismo, resolveram dividir o mundo.

Assim, terminada a II Guerra Mundial, uma nova guerra teve início: a Guerra Fria, que dividiu o mundo em dois grandes blocos: Capitalista (liderado pelos EUA) e Socialista (liderado pela URSS).

Nova Ordem Econômica Mundial

Em julho de 1944, representantes de 44 países se reúnem em Bretton Woods, em New Hampshire, nos EUA, no que ficou conhecido como Acordo Internacional de Bretton Woods. O objetivo era promover uma nova política monetária e comercial internacional.

O principal economista desse encontro internacional era o inglês John Maynard Keynes. As idéias de Keynes eram de que a política econômica dos países deveria adotar algumas medidas básicas para desenvolvimento do país de da população:
- Controle da economia pelo Estado para regular o mercado, caso necessário
- Investimentos públicos - Redistribuir os rendimentos em proveito das classes que dispunham de menos recursos
- Reduzir a taxa de juros para tornar os investimentos em produção mais atrativos
- Crescimento do consumo interno
- Pleno emprego A Inglaterra e os países da Europa estavam saindo da II Guerra quebrados.

Keynes propôs a criação de um Fundo Monetário e de um Banco Mundial para a reconstrução da Europa através de empréstimos a juros baixos. Surgiu assim o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD).

Como o dólar era a moeda mais importante, transformou-se, na prática, na moeda internacional, já que os acordos em Bretton Woods previam a conversão do dólar em ouro a uma taxa fixa de U$ 35 por onça do ouro. Interessante ressaltar, que os EUA, devido a guerra, tinham uma imensa reserva em ouro que foi obtido principalmente durante a guerra.

Assim, na época, os dólares americanos tinham seu lastro em ouro (estavam garantidos pelo ouro). Interessante também ressaltar, que essa garantia, ou seja, a garantia da troca dólar por ouro, funcionou até 1971, quando o presidente Richard Nixon dos EUA, dando um verdadeiro golpe no resto do mundo, decidiu acabar, unilateralmente, sem nenhuma consulta aos demais países, com a paridade (a relação) cambial entre o dólar e o ouro, e suspendeu a troca dólar pelo ouro, ou seja, o ouro não sairia mais dos EUA, somente papel, ou seja, dólares, impresso e emitido pelo próprio EUA.

Voltando em 1944: a idéia de Keynes era excelente em seu objetivo, além de conseguir ajuda para reconstruir seu país, a Inglaterra e a Europa, era de que o FMI, o BIRD e o controle político e econômico desses organismos internacionais ficassem na Inglaterra, sob sua coordenação. O governo dos EUA, no entanto, tinha outros planos e manobrou politicamente, afastando Keynes da liderança desses organismos e fazendo com que os mesmos ficassem nos EUA.

O início do Domínio Econômico Mundial Seguindo o plano dos futuros donos do Mundo, as idéias de Keynes foram colocadas de lado e adotou-se um ideário econômico de neocolonialismo financeiro, de imperialismo econômico, e de controle das economias dos demais países, principalmente através de empréstimos e do denominado serviço da dívida, que nada mais é do que um sistema em que o devedor, por ter que pagar juros e comissões cada vez mais extorsivas, aumentam cada vez mais suas dívidas através de novos empréstimos com especuladores internacionais.

Esse sórdido sistema torna a população dos países endividados escravas e bilhões de seres humanos são condenados a um empobrecimento cada vez maior.

A economia e as instituições (como o Banco Central e o Congresso) dos países endividados são totalmente controlados pelos especuladores internacionais, através das políticas econômicas recessivas ditadas pelo FMI e pelo BIRD aos governos desses países, governos esses totalmente marionetados pelos Donos do Mundo.

Foi estabelecido assim, uma Nova Ordem Mundial, para o benefício de poucos e com a escravização de imensas populações a um sistema desumano, materialista e genocida, que utiliza palavras como globalização, modernidade, reajuste econômico, e outras babozeiras para manter às massas na miséria, na escravidão e na ignorância.

As Crises do Petróleo

Em 1973 o mundo assistiu estarrecido uma grave crise econômica em conseqüência do conflito árabe x israelense. Essa crise fez com que os exportadores de petróleo aumentasse de U$ l, para U$ 11 o barril de petróleo.

Os petrodólares - como foram chamados dos produtores de petróleo foram sendo enviados para os bancos internacionais, principalmente os europeus.

A maioria dos países reagiram ao brusco aumento do petróleo e ajustaram suas economias. O Brasil , continuou importando petróleo cada vez mais, pois, na época, dependia totalmente do petróleo importado e o país estava em desenvolvimento.

Em 1979 acontece então o segundo choque do petróleo. O barril de U$ 12, passou para U$ 32. O Brasil continuava não suficiente em petróleo. O mercado se retraiu. A economia mundial entrou em processo recessivo.

Nesse período, os países da OPEP, produtores de petróleo, pressionaram os bancos internacionais, pois estavam insatisfeitos com a baixa remuneração que recebiam por seus imensos depósitos de dinheiro nos bancos europeus, e passaram a exigir juros maiores dos tomadores de empréstimos. Para não perder os depósitos da OPEP, os bancos europeus adotaram taxas de risco os denominados spreads mais elevadas, tornando praticamente igual os juros que eram cobrados pelos bancos americanos.

No Brasil, as autoridades governamentais perceberam tardiamente que não conseguiam mais financiar a compra de petróleo devido ao seu custo e ao custo dos empréstimos para comprá-lo.

Para se ter uma idéia: Na época do denominado milagre econômico brasileiro - governo Médici, início da década de 70 o Brasil já tinha uma dívida aproximada de U$ 12 bilhões. No final do governo Geisel, o Brasil já devia aproximadamente U$ 50 bilhões e, no final do governo Figueiredo - final da década de 70 - algo em torno de U$ 100 bilhões.

Resumindo: as reservas cambiais foram caindo, e os juros cobrados pelos bancos internacionais foram subindo. O Brasil foi se endividando cada vez mais para pagar as dívidas, juros e os denominados serviços da dívida (comissões) que iam vencendo.

O Brasil passou a ter grandes saldos comerciais, mas que são insuficientes para cobrir até mesmo somente os juros e amortizações do total da dívida.

A Dama de Ferro e as idéias hegemônicas anglo-americanas

Na década de 80, com Margareth Tatcher a Dama de Ferro- no poder da Inglaterra, e Reagan no poder do EUA, foi adotado uma política econômica anglo-americana que foi denominada contra revolução monetarista em oposição a revolução keynesiana.

As idéias dessa contra revolução monetarista foram divulgadas principalmente através do economista norte-americano Friedman:

- Contração monetária
- Eliminação do Estado nacional como agente econômico
- Redução de gastos com assistência social
- Liberalização de mercado e essas idéias prevaleceram e substituíram as idéias do economista inglês Keynes que eram:
- Baixa taxa de juros
- Intervenção do Estado como regulador do mercado financeiro
- Investimentos públicos crescentes com assistência social
- Crescimento do consumo

O resultado inicial das idéias adotadas

Como resultado dessa política adotada e imposta pelos governos da Inglaterra e do EUA, foi observado de imediato nesses países:
- Recessão
- Desemprego
- Queda do sistema produtivo
- Privatizações
- Redução de gastos com assistência social
- Valorização da libra Restabelecimento do dólar como moeda forte e padrão internacional

Nos EUA surgiu a idéia de retomar a posição hegemônica com a adoção do que se denominou liberalismo econômico, ou seja, desregulamentação do mercado, redução da carga fiscal, menor oferta monetária.

A partir daí, os países capitalistas reservaram para si, os avanços científicos e tecnológicos; a expansão e diversificação produtiva e os fluxos de comércio e de capitais. Verificou-se uma concentração de riqueza privada jamais vista na história do capitalismo.

O Ajuste Global Neoliberal ou Globalização

O denominado ajuste global neoliberal ou globalização, caracteriza-se, segundo alguns autores por um rearranjo da hierarquia das relações econômicas e políticas internacionais, feito sob a égide de uma doutrina neoliberal, cosmopolita, gestada na capital política do mundo capitalista, denominada Consenso de Washington.

Nos países pobres, por imposição do EUA e da Inglaterra foram adotados modelos de ajuste estrutural, ou seja:

- Políticas econômicas liberalizantes
- Políticas econômicas privatizantes
- Políticas econômicas de mercado
- Redução do gasto público dos governos
- Política monetária restritiva para combater a inflação
- Taxa de juros alta
- Câmbio adequado a interesses externos
- Prioridade para exportações
- Liberalização do mercado para o comércio exterior
- Concentração de investimentos no setor privado
- Diminuição ao máximo da presença estatal

As exigências dos especuladores internacionais para continuar emprestando dinheiro aos povos pobres e endividados, para que os pobres e endividados continuem a dever cada vez mais, não possam pagar suas dívidas e continuem escravos desse sistema.

Para que um país continue a receber empréstimos para pagar, pelo menos, os juros do principal de suas dívidas, normalmente, tão imensas e impagáveis, tem que sujeitar sua economia e seus povos aos especuladores internacionais, denominados burra e gentilmente de investidores internacionais que se utilizam de bancos internacionais, portanto, sem nenhuma identificação e compromisso moral e nacional e, de instituições como o FMI e o BIRD, por exemplo, órgãos internacionais reguladores da economia mundial, na realidade, apenas órgãos para legalizar internacionalmente a exploração econômica imoral.

Assim, exige-se o equilíbrio na balança de pagamentos (importação/exportação) para que exista superávit, ou seja, as exportações devem ser maiores que as importações, gerando dólares, que somados, a tudo que o país conseguir internamente com suas rendas, através de impostos e redução em investimentos públicos, devem ser destinados a pagar os juros do principal da dívida.

Para o país atingir as metas de superávit e obter mais empréstimos, o FMI e o BIRD as fachadas para os especuladores internacionais exigem que os governos e os povos dos países adotem e aceitem:

- Homogeneização de padrões de produção e consumo, através de grandes corporações econômicas
- Internacionalização dos mercados e dos sistemas produtivos
- Unificação monetária e financeira, através de grandes blocos econômicos de interesses comuns - Redução da autonomia dos Estados nacionais
- Informalização no trabalho
- Desemprego
- Subemprego
- Desproteção trabalhista, ou flexibilização
- Direitos sociais e concepções de cidadania são restringidos
- O Estado passa a ter um papel apenas assistencialista
- O Banco Central deve ficar autônomo, isto é, fica independente do governo do país e deve seguir as orientações dos especuladores internacionais, via FMI e BIRD
- Privatização do setor público
- O Estado passa a seguir a política ditada pelo FMI e BIRD
- Proteção de instituições econômicas (como bancos, por exemplo) falidas com a socialização dos prejuízos, ou seja, o governo tira dinheiro de investimentos público para socorrer instituições particulares falidas.
- Crescimento do custo com serviços financeiros das dívidas externas
- Concentração da riqueza privada e transferência de capital privado nacional para ?paraísos fiscais
- Transferência de imensas quantias privadas nacionais para empresas transnacionais, com pouco ou nenhum controle dos governos
- Cortes nos gastos sociais, com o desmonte das organizações e sistemas de ajuda social e, a falsificação da realidade, com o desenvolvimento de programas sociais e campanhas sociais de caráter emergencial, contando com a solidariedade comunitária, transferindo assim, para o próprio povo, as obrigações que são do Estado Retrocesso social histórico

Todo esse processo descrito gera exclusão e diferenças econômicas, sociais e culturais.

Forma-se um abismo social entre ricos e pobres, e as massas e grupos sociais, tornam-se miseráveis, embrutecidos e ignorantes.

Está sendo gerada no Brasil, com o total apoio dos governantes, totalmente despreparados para dirigir uma Nação, totalmente marionetados pelo Sistema Internacional, e de uma suposta elite materialista, imediatista, irresponsável e decadente, que não consegue enxergar o perigo, uma sub-raça.

Não uma sub-raça étnica, pois sabemos que esse conceito (a sub-raça) a antropologia e a genética já provaram ser uma imbecilidade, mas uma sub-raça espiritual e moral.

Hoje, no Brasil, independente de nível sócio-econômico-cultural, mata-se seres humanos desde para se obter um par de tênis até para se obter emprego.

Esse é o nível de decadência moral e real de nosso povo, daqueles que praticam o mal e daqueles que deixam que o mal seja praticado e cada vez mais incentivado.

E a Nação Brasileira, suando, sangrando e pagando, por mês, R$ 13.000.000,00 (treze bilhões) só de juros (a dívida é impagável !), para esse sórdido Sistema Internacional é enganada diariamente pelo (des)Governo que ainda quer acreditar que somos todos uns idiotas catalépticos.

A Nação Brasileira torna-se cada vez mais escrava desse sórdido Sistema, processo que compromete e faz sofrer não só nossa geração, mas as gerações que virão, e não ousei dizer ?as gerações do futuro?, pois se não reagirmos, não haverá futuro.

quinta-feira, 6 de março de 2008

ADMIRÁVEL GADO NOVO

ADMIRÁVEL GADO NOVO
Jenyberto Pizzotti

A Ideologia no Senso Comum e os Mecanismos de
Alienação dos Meios de Comunicação de Massa

O grande filósofo brasileiro Zé Ramalho, em uma de suas geniais criações, talvez inspirado nos guerreiros Tupinambás, nossos heróis que comiam os invasores, num rompante antropofágico, consome Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo - 1931) e nos arrota “Admirável Gado Novo”. Genial.

“Vocês que fazem parte dessa massa que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar e dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem à margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem lhe comer
Ê, ô ô, vida de gado, povo marcado, ê, povo feliz
Lá fora faz um tempo confortável, a vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia, os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada a única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada e passam a contar o que sobrou
Ê, ô ô, vida de gado, povo marcado, ê, povo feliz
O povo foge da ignorância apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos, contemplam essa vida numa cela
Esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível, não voam nem se pode flutuar”

“E, vida de gado, povo marcado, povo feliz !”

Na passagem do senso comum ao bom senso deve existir a garantia do desenvolvimento da habilidade crítica e da autoconsciência para que possamos exercer a cidadania de forma livre e digna. De outro lado, sabemos que as ideologias influenciam os jogos do poder e garantem privilégios.

O Senso Comum é a avaliação ou julgamento de idéias, ou situações com base em formulações, na maioria das vezes, relativamente simples, resultantes de experiências diretas de pessoas comuns. O Senso Comum, pelo seu empirismo e preconceitos em que se baseia, se opõe muitas vezes a visão científica ou teórica mais lúcida e profunda de um problema. A aplicação perfeita da razão para julgar ou raciocinar com ponderação e com base na experimentação, o equilíbrio atingido com esse procedimento, denominou-se bom senso.

Acredito porém, que o ser humano é caracterizado por limitações e a realidade que pretende conhecer e dominar é multi-facetada e complexa. Na realidade estamos e vivemos dentro da Matrix.

Senso Comum, Bom Senso, Verdade. O quê é pois, a Verdade ? Será o encontro do ser com o desvelamento, com o desocultamento, com a manifestação do objeto ? O “ser” das coisas, manifestando-se, tornando-se translúcido, compreensível à inteligência e à compreensão ? Podemos considerar o Virtual a melhor expressão do Real ?

O objeto nunca se manifesta totalmente, o ser não entra em contato direto com o objeto, mas sim com o que ele representa, com sua representação e com as impressões que lhe causa. Assim, penso eu, o desvelar, o descobrir o objeto supõe a capacidade do ser de perceber as mensagens do objeto.

O ser humano, induzido pelas aparências, as vezes emite juízos precipitados que não correspondem aos fatos e à realidade. Temos, desta forma, o erro.

A verdade só resulta quando houver evidência. Daquilo que se manifestar do ser pode-se dizer uma verdade. A evidência é o critério da verdade.

A certeza, então, podemos dizer, consiste na adesão a uma verdade, sem receio de engano. A dúvida é o equilíbrio entre a afirmação e a negação.

Parece-me que na leitura, na interpretação que fazemos diariamente sobre os fatos e acontecimentos político-sociais que chegam até nós, de forma massiva, através dos meios de comunicação de massa, não há espaço para a reflexão, dúvida, indignação e não aceitação do que nos é imposto, imposto à nós, Admirável Gado Novo.

Notícias e opiniões são transmitidas as massas e assumem características de certezas matemáticas. Na maioria das vezes, a interpretação de alguns fatos é acolhida como verdade absoluta. Nem mesmo, a denominada “dúvida espontânea”, equilíbrio entre a afirmação e a negação, se manifesta, pois não temos tempo suficiente para o raciocínio e a reflexão, para realizar os exames dos prós e contras.

Assim, na análise de alguns tópicos e idéias extraídas das notícias divulgadas, e até mesmo fabricadas, pelos meios de comunicação de massas, adoto a denominada “dúvida metódica”, que consiste na suspensão fictícia ou real, sempre provisória, da aceitação a uma asserção tida até então como certa, para poder lhe controlar o valor.

As teorias sociológicas e a Filosofia sempre se preocuparam em explicar como as ações individuais podem ser pensadas em relação a outras ações de indivíduos e de grupos.

Ideologias transformam-se, as vezes, em senso comum de indivíduos e grupos, que também se servem dos mecanismos de alienação dos meios de comunicação de massas. Os meios, a mídia, por sua vez, muitas vezes, movidos por jogos de poder e para garantir a manutenção de privilégios, acabam abrindo mão do bom senso, ou melhor dizendo, do senso crítico, da liberdade e até mesmo da consciência.

Segundo Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo francês, a sociedade prevalece sobre o indivíduo. Sendo assim, a sociedade era, para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamentos e sentimentos, construídas exteriormente, isto é, fora das consciências individuais, regras de conduta que existem e devem ser aceitas por todos.

Para o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) a sociedade deve ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. As ações realizadas por indivíduos são, evidentemente, baseadas em ações de outros indivíduos. Assim, o Estado, o mercado, as religiões existem porque diversos indivíduos orientam suas ações no mesmo sentido.

Karl Marx (1818-1883), pensador alemão, considerava que a relação indivíduo-sociedade estaria de forma intrínseca ligada às condições materiais da sociedade, determinando, historicamente, de acordo com a classe a que pertencem os indivíduos, sua atuação e destino social.

Pessoalmente, acredito que esse filósofo realizou uma análise magistral, porém, parcial e simplista, dividindo a sociedade em capitalistas e proletários. Obviamente, e com uma visão unilateral e burguesa, Marx concentrou-se na sociedade de seu tempo, no sistema capitalista. No entanto, Marx procurou mostrar as possibilidades de transformação da realidade social, e orientou que os pesquisadores podem e devem desempenhar um papel social revolucionário na defesa da classe trabalhadora.

Esses teóricos, procuraram criar novos conceitos, para nos propiciar uma visão do mundo, não mais no campo do senso comum, mas no da ciência.

À partir de 1923, com o início da Escola de Frankfurt, seus expoentes, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Walter Benjamin e Herbert Marcuse, expressando o desejo de autonomia e independência do pensamento, demonstraram ceticismo quanto aos resultados nos engajamentos políticos. O pensamento desses filósofos é marcado pela desilusão e ceticismo. Essa escola cria a idéia da Indústria Cultural, que transforma os indivíduos em conformistas, substituindo a consciência crítica, pelo incontido e permanente desejo de consumo.

Para entendermos os mecanismos de alienação da mídia de comunicação de massa, e os pressupostos inseridos de forma massiva na mídia, com o objetivo do controle das massas e a preservação da Matrix, temos que analisar, mesmo que superficialmente, todas essas correntes de pensamento.

Estaríamos incompletos se não incluirmos os estudos contemporâneos de Paul Lazarsfeld e Robert Merton. Esses dois cientistas sociais, no artigo “Comunicação de massa, gosto popular e ação social organizada”, demonstraram muita preocupação com a onipresença e o poder potencial dos meios de comunicação de massa. A onipresença dos meios de comunicação de massa leva muitas pessoas a uma crença generalizada, senso comum, em seu enorme poder. Destaca-se a preocupação quanto ao controle social exercido por indivíduos e grupos poderosos da sociedade.

O genial George Orwell, nas primeiras páginas de seu “1984”, nos alerta: “Em cada patamar, diante da porta do elevador, o cartaz da cara enorme o fitava da parede. Era uma dessas figuras cujos olhos seguem a gente por toda parte. O GRANDE IRMÃO ZELA POR TI, dizia a legenda”.

Muito além de meras funções de atribuição de status social e de reiteração de normas sociais, facilmente identificadas, nossa preocupação, deve voltar-se para algo muito mais preocupante e atual: a disfunção narcotizante

Bombardeado de forma massiva por informações, o indivíduo acaba confundindo “conhecer os problemas” com “fazer algo a respeito do mesmo”. A consciência social é preservada, pois o indivíduo está sempre informado e preocupado, mas é induzido a participar da vida como “voyerista”, expiando-a do “buraco da fechadura” eletrônica. O conhecimento se torna totalmente passivo, não provoca participação ativa, não existindo portanto, uma avaliação crítica da sociedade. Adota-se o senso comum, enfatizando o conformismo transmitido e imposto pelos meios, pela mídia que, sob total patrocínio e dependência econômica, renunciam, acredito, imediatamente, a seus objetivos sociais, interesses que, na maioria das vezes, se mostram incompatíveis com outros interesses, de poder e econômicos.

A metodologia de alienação e narcotização das massas é muito extenso. Censura ao direito à informação e a livre expressão do pensamento. O direcionamento para uma corrente de pensamento. Manipulação da informação, direcionando-a, alterando seu conteúdo, através de técnicas de manipulação da forma. Aplicação pura e simples da disfunção narcotizante. O desvio da conscientização de um fato e problema, para uma “compensação”, do “levar vantagem”, da nossa brasileiríssima, execrável e conhecida “Lei de Gerson”, e por aí afora.

Após 25 anos de ditadura militar, e mais 19 anos de governo civil incompetente, corrupto, ladrão e totalmente insensível com a população miserável de nosso país, com a população de heróis anônimos, bons brasileiros, que ainda acreditam nos valores mais sagrados do ser humano, após esses 44 anos de alienação forçada do povo, me entristeço, pois 44 anos foi todo o sacrifício de minha geração.

Washington Olivetto (WBrasil) um dia disse assim “O Brasil é um país de terceiro mundo com exigência publicitária de primeiro. Muitas vezes nossa publicidade chega a ser melhor que o próprio Brasil (...) O fascínio pela novela veio da idéia de que o Brasil não foi descoberto, foi escrito. É como se fosse uma mistura de Garcia Marques e Kafka – parece um país ficcionário às vezes”, boa reflexão.

O Brasil na verdade, é muito mais do que uma novela, muito mais do que uma obra de ficção. O Brasil é as lágrimas, o sangue, os sacrifícios e os sonhos de muitas gerações de homens, mulheres e crianças, de índios, negros e de imigrantes, que sonharam e sonham, em fazer desta terra uma grande Nação.

Mas de que Brasil falo eu ? Do Brasil dos meus e dos teus sonhos, ou do Brasil real ? Desse Brasil manipulado, controlado, engessado, acorrentado ? Onde Executivo, Legislativo e Judiciário vivem num mundo de “faz de conta” ? Nesse Brasil acéfalo, com um Presidente que faria Al Capone corar de vergonha e parecer débil mental ! Presidente burro ? semi-analfabeto ? burro somos todos nós ! semi-analfabetos somos nós ! O Presidente e sua quadrilha são sofisticadíssimos ! São intocáveis ! Al Capone também dizia que não sabia de nada, mas um dia, a Receita Federal o pegou. Mas o Presidente seria apenas a ponta do iceberg ! e muitas pontas já foram amplamente reveladas ao Povo dessa Nação que dorme um sono letárgico ! E nada aconteceu, e nem vai acontecer...nunca.

Um dia, esse País vai deixar de ser apenas um País, e vai se transformar numa Nação...hoje somos um País, mas não somos uma Nação !
Vai acordar de seu sono letárgico, vai acordar da MATRIX.
Mas hoje, por enquanto, perdoe-me a irônia, por favor...como disse a ministra: me deixem "relaxar e gozar" e, por favor...me arrumem um cartão !


Autorizo a divulgação e publicação desde que mencionada a fonte
Brasil, 05 de março de 2008
Jenyberto Pizzotti
e-mail: jenyberto@gmail.com